
A denúncia contra Michele Zavodini foi protocolada por um grupo de pequenos produtores rurais
A influenciadora Michele Zavodini, famosa por sua ostentação de luxo nas redes sociais, apareceu como beneficiária de um assentamento associado ao Programa Nacional de Reforma Agrária, conforme informado pelo portal Repórter Brasil.
Em 2024, a Assoplan, Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Planalto que tem como representados pequenos produtores rurais de Mato Grosso, protestou sua incorporação ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), argumentando que o estilo de vida de Michele não está em conformidade com os critérios socioeconômicos do programa.
A acusação foi encaminhada à Defensoria Pública da União (DPU) e ao Ministério Público Federal (MPF), salientando também outros dois beneficiários: Karen Larissa Torres, funcionária pública, e um agricultor, ambos registrados na mesma data que Michele.
De acordo com a lei, os servidores públicos e aqueles com renda maior que três salários mínimos não são elegíveis. O Incra suspendeu os registros de Michele e do agricultor, no entanto, o registro de Karen ainda está ativo.
Conexões da influenciadora
O Assentamento Tapurah/Itanhangá, estabelecido em 1995, foi projetado para favorecer mais de mil famílias em uma região de 115 mil hectares. Os residentes do assentamento afirmam que estão lidando com problemas devido a uma suposta tomada de posse por grandes cultivadores de soja.
Documentos da Polícia Federal e do MPF apontam a transferência ilegal de mais de mil lotes, muitas vezes acompanhada de ameaças e o uso de “laranjas”. Em 2020, a Justiça Federal ordenou a recuperação de 170 lotes, mas a batalha pela posse ainda persiste.
Michele Zavodini mantém laços familiares com agricultores da área. Seu irmão, Leandro Zavodini, é um produtor de soja notável e conquistou um torneio de pôquer, arrecadando R$ 3,5 milhões.
O que dizem os envolvidos
Antes de se transformar em uma influenciadora, Michele foi empregada no escritório de Leandro. Durante uma entrevista, ela compartilhou que se deslocou para o norte de Mato Grosso para viver mais perto de sua família, mas não fez referência ao assentamento. Quando questionada por repórteres, Michele comunicou que não tinha conhecimento e por isso, não emitiu nenhum comentário.
Leandro foi igualmente abordado, mas não permitiu a divulgação de seu nome. Karen Larissa Torres, que é assessora jurídica da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso, declarou não ter conhecimento da denúncia e vetou a associação de seu nome a notícias “baseadas em achismos”.
O Estado de Mato Grosso anunciou que a Defensoria Pública conduzirá uma investigação interna para entrevistar a servidora. Além disso, Alex Stein Fortes, que também foi mencionado, está envolvido em um processo civil público por suspeitas de posse indevida de um lote, entre outras violações.
O representante legal de Fortes não fez comentários sobre o caso em julgamento, sublinhando que a verdade dos fatos surgirá durante o procedimento legal. Inicialmente, o Incra validou Michele, Karen e Fortes como beneficiários do assentamento, contudo, posteriormente corrigiu a informação, mantendo o registro da funcionária ativo.
Os lotes continuam vinculados aos três até a finalização das análises e não podem ser realocados para outros beneficiários.
As informações são da Revista Oeste