
O café moído, item tradicional na mesa do brasileiro, tornou-se um dos principais vilões da inflação nos últimos 12 meses. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta sexta-feira (11) pelo IBGE, o produto acumula uma alta impressionante de 77,78% entre março de 2024 e março de 2025.
O avanço é tão significativo que, em algumas capitais, o preço do café mais que dobrou no período. As estatísticas mostram que o café moído foi o destaque negativo do grupo Alimentação e Bebidas, com uma alta de 8,14% apenas no mês de março.
Preço internacional e quebra de safra explicam o salto
Segundo Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa do IBGE, a inflação no setor foi impulsionada por fatores climáticos e logísticos, tanto no Brasil quanto em importantes países produtores.
“A inflação do café foi impulsionada pelo aumento do preço no mercado internacional, dada a redução de oferta do grão em escala mundial, com quebra de safra no Vietnã devido a adversidades climáticas, as quais também prejudicaram a produção interna”, afirmou.
O Vietnã é o segundo maior produtor mundial de café, e os efeitos de sua quebra de safra tiveram impacto direto sobre os preços globais, incluindo o mercado brasileiro.
Preço médio do quilo do café dobrou em um ano
Dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) apontam que o preço médio do quilo do café torrado e moído no varejo chegou a R$ 64,80 em março de 2025, contra R$ 32,90 no mesmo mês do ano anterior — um aumento de 96,9% no varejo, praticamente dobrando o valor pago pelo consumidor.
Capitais com maiores altas nos preços do café
Confira as cidades onde o preço do café moído mais subiu nos últimos 12 meses, de acordo com o IBGE:
- Belo Horizonte (MG): +100,72%
- Goiânia (GO): +100,46%
- Aracaju (SE): +91,95%
- Vitória (ES): +88,96%
- Curitiba (PR): +87,97%
- Porto Alegre (RS): +87,65%
- Rio de Janeiro (RJ): +84,93%
- Brasília (DF): +82,39%
- Salvador (BA): +81,11%
- Brasil (média nacional): +77,78%
- Rio Branco (AC): +77,24%
- Fortaleza (CE): +76,58%
- São Luís (MA): +76,53%
- Campo Grande (MS): +74,93%
- Belém (PA): +71,55%
- São Paulo (SP): +62,50%
- Recife (PE): +57,86%
Impacto direto no bolso e no café da manhã
A disparada do café é mais um fator que contribui para aumento da pressão inflacionária e dificuldades no orçamento das famílias brasileiras, especialmente daquelas com menor renda. O produto, amplamente consumido em todo o país, compõe a cesta básica alimentar e se torna cada vez mais inacessível para parte da população.
A alta também afeta o setor de panificação, cafeterias e redes varejistas, que repassam os custos ao consumidor final, reforçando o efeito cascata da inflação sobre os alimentos.