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Café moído dispara 77,78% em 12 meses e vira símbolo da inflação no Brasil

Quebra de safra, crise climática e mercado internacional fazem do café um dos vilões do IPCA; preço dobrou em várias capitais

O café moído, item tradicional na mesa do brasileiro, tornou-se um dos principais vilões da inflação nos últimos 12 meses. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta sexta-feira (11) pelo IBGE, o produto acumula uma alta impressionante de 77,78% entre março de 2024 e março de 2025.

O avanço é tão significativo que, em algumas capitais, o preço do café mais que dobrou no período. As estatísticas mostram que o café moído foi o destaque negativo do grupo Alimentação e Bebidas, com uma alta de 8,14% apenas no mês de março.

Preço internacional e quebra de safra explicam o salto

Segundo Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa do IBGE, a inflação no setor foi impulsionada por fatores climáticos e logísticos, tanto no Brasil quanto em importantes países produtores.

“A inflação do café foi impulsionada pelo aumento do preço no mercado internacional, dada a redução de oferta do grão em escala mundial, com quebra de safra no Vietnã devido a adversidades climáticas, as quais também prejudicaram a produção interna”, afirmou.

 

O Vietnã é o segundo maior produtor mundial de café, e os efeitos de sua quebra de safra tiveram impacto direto sobre os preços globais, incluindo o mercado brasileiro.

Preço médio do quilo do café dobrou em um ano

Dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) apontam que o preço médio do quilo do café torrado e moído no varejo chegou a R$ 64,80 em março de 2025, contra R$ 32,90 no mesmo mês do ano anterior — um aumento de 96,9% no varejo, praticamente dobrando o valor pago pelo consumidor.

Capitais com maiores altas nos preços do café

Confira as cidades onde o preço do café moído mais subiu nos últimos 12 meses, de acordo com o IBGE:

  • Belo Horizonte (MG): +100,72%
  • Goiânia (GO): +100,46%
  • Aracaju (SE): +91,95%
  • Vitória (ES): +88,96%
  • Curitiba (PR): +87,97%
  • Porto Alegre (RS): +87,65%
  • Rio de Janeiro (RJ): +84,93%
  • Brasília (DF): +82,39%
  • Salvador (BA): +81,11%
  • Brasil (média nacional): +77,78%
  • Rio Branco (AC): +77,24%
  • Fortaleza (CE): +76,58%
  • São Luís (MA): +76,53%
  • Campo Grande (MS): +74,93%
  • Belém (PA): +71,55%
  • São Paulo (SP): +62,50%
  • Recife (PE): +57,86%

Impacto direto no bolso e no café da manhã

A disparada do café é mais um fator que contribui para aumento da pressão inflacionária e dificuldades no orçamento das famílias brasileiras, especialmente daquelas com menor renda. O produto, amplamente consumido em todo o país, compõe a cesta básica alimentar e se torna cada vez mais inacessível para parte da população.

A alta também afeta o setor de panificação, cafeterias e redes varejistas, que repassam os custos ao consumidor final, reforçando o efeito cascata da inflação sobre os alimentos.

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