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Estudo revela que milhares podem ter morrido à toa após parada cardíaca

A cada caso, um grupo independente estimou o potencial de recuperação caso o tratamento tivesse continuado.

Por: Pablo Carvalho

Um estudo internacional com mais de dois mil pacientes reacende o alerta sobre a retirada precoce de suporte de vida em vítimas de parada cardíaca. Publicada na JAMA Network Open, a pesquisa aponta que 63,8% dos pacientes que morreram após a interrupção de tratamento poderiam ter se recuperado com cuidados prolongados.

O levantamento envolveu 38 especialistas de diversos países e analisou, com profundidade, 1431 casos de pacientes com morte declarada após decisão de fim do suporte. A cada caso, um grupo independente estimou o potencial de recuperação caso o tratamento tivesse continuado.

Em 913 desses casos, pelo menos um especialista afirmou que o paciente teria chances de sobreviver. Em 227 deles, houve concordância unânime entre os avaliadores: o paciente poderia ter acordado e deixado o hospital. A estimativa mínima considerada clinicamente relevante foi de 1% de chance de recuperação.

A conclusão levanta uma questão ética séria: o julgamento médico pode estar sendo influenciado por crenças pessimistas, resultando em mortes evitáveis. O fenômeno, chamado de “niilismo terapêutico”, pode gerar um ciclo vicioso, onde a interrupção precoce reforça crenças de que o paciente não sobreviveria.

Os dados foram coletados ao longo de 12 anos, em um hospital dos Estados Unidos. A análise também identificou grande variação entre os especialistas, o que acende um alerta sobre a subjetividade dos prognósticos médicos em casos críticos como os de coma pós-parada cardíaca.

Os pesquisadores propõem que decisões clínicas passem a contar com painéis de especialistas e modelos mais calibrados de prognóstico. O estudo indica ainda que a confiança dos médicos tende a cair nos casos em que há discordância, o que demonstra incertezas profundas no julgamento clínico.

Para os autores, é urgente desenvolver estratégias que evitem decisões baseadas em suposições precoces. Quando vidas estão em jogo, cada hora de tratamento conta. E a ciência precisa de ferramentas mais justas para separar o inevitável daquilo que ainda tem esperança.

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