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Festa do Divino Espirito Santo no Pantanal

O livro do Gênesis narra que “- Partindo ele do Oriente, acharam uma planicie umida na terra de Sinar; e habitaram ali.

Tao logo prosperaram naquela terra tão fértil, que iniciaram a construção de uma torre de tijolos cozidos pretendendo atingir o céu.

Para que cessassem tal pretensão, veio um vento e fez com que cada um falasse uma língua, e aí “- Seu nome Babel, porquanto ali confundiu o Senhor a língua de toda a terra.”

O Pantanal seco trouxe imensa prosperidade ao Pantanal nos anos 60, os produtos de Corumbá subiam os rios para os portos de Cáceres e Cuiabá, aviões cruzavam os céus em todas as direções e em todas as altitudes, jeeps e caminhonetes Willis e Toyotas cortavam bitolas das fazendas em todas as direções, Boieiros velozes da SNBP com 600 cabeças de cada vez atopetavam o Porto Multimodal do Sindicato Rural de Corumba em Ladário e enchiam vagões e trens ininterruptamente, tudo pela magnífica antevisão da Presidente da Portobrás, mestra da logística brasileira, mais uma insubstituível engenheira corumbaense, a Dra. Iza Rondon Lima Verde.

Distraídos os pantaneiros pela fartura e a promessa política de um Prodepan que previa estradas por toda a Planície, o Governo Federal assinou no Japão um tal PRODECER, para a incorporação dos arenosos cerrados circundantes, objeto de bilionário empréstimo para permitir uma nova fonte de cereais, visando o salto econômico que previa os futuros tigres asiáticos.

Em seu bojo, a estapafúrdia divisão do Pantanal, demonstrando que o Salomão do Planalto, dessa vez por exigência da tecnocracia dominante, optou por dividir a criança (pantanal) objeto do litígio.

O Prodepan naufragou junto com as repentinas enchentes, agravadas pelo assoreamento, que justificaram o saque de quase todo o rebanho do gado pantaneiro, tão barato e financiado a fundo perdido para as fronteiras dos Prodeceres I, II, III e IV, que conseguiam tirar gado até por via aérea!

Atingido por tão ciclópicas coalizões de forças, o resiliente Pantanal resistiu, reativou carros de boi, chalanas, rabetas, tratores e velhos armadores de barcos substituíram com velhas chatas currais, os boieiros desaparecidos pelo Governo Federal com sua ensandecida privataria…

Atravessamos os anos de cheia sem atentarmos que novos atores chegaram ao Pantanal, e a pretexto de protegerem a natureza compraram na bacia das almas as áreas mais inundadas transformando-as em áreas de reservas, e bem informados por mercenários quinta colunas que pululam em tempos de crise adquiriram extensas áreas usando de todos os subterfúgios desde o assassinato de reputação até leis fiscais draconianas e artifícios jurídicos para imviabilizar a sobrevivência dos pantaneiros.

O fogo quase nos salvou, todas as áreas expropiadas ou espoliadas pela especulação, para transformá-las em valorizadas commodities ambientais , começaram a pegar fogo, pois como esperado e dentro dos pulsos naturais, o Pantanal voltou a secar.

Agora surgiu uma grande operação introduzindo novas falácias sofísticas, destacando-se: Áreas protegidas, RPPNs, Parques Estaduais e Federais, Estações Ecológicas, fomento de Quilombos e Terras Indígenas e o principal, culpar as vítimas pelos incêndios oriundos dessas áreas ditas protegidas, criando até regramentos para endossá-las.

Surgem agora, quando está claro que o Pantanal com chuvas normais pulsará enchendo e secando até num mesmo ano, por conta das alterações nos rios pelo assoreamento, num recrudescimento babelesco inventando mudanças climáticas. queimadas, hidrovia, PCHs, criando fantasioso contexto jurídico onde : “-a litigância climática surge como instrumento relevante para responsabilização, prevenção e reparação de danos, sobretudo quando associados à omissão estatal ou à condução inadequada de políticas públicas.”

Eis o que os Ministérios Públicos Federais e Estaduais usarão a partir de agora para embretar os pantaneiros nesta maldosa soma preparatória para a COP 30, onde somam as externalidades negativas do Planalto com a parte que a incúria e a omissão gerou na Planície, para debitar como um Plano B jurídico nestas partes separadas pela espada arbitrária da prepotência, que resistem gemendo e chorando na Planície.

Trazendo os Atos dos Apóstolos que descrevem o Pentecostes, para o viver pantaneiro que o celebra como uma pomba branca a chama do Espírito Santo, imploramos que nos ouçam, os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, como se estivéssemos expressando em sua próprias linguagems, o que o Pantanal só pode expor, sem impor: “- Não são galileus (pantaneiros) todos esses homens que estão falando?
Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?”

Viva o dia da Festa do Divino Espirito Santo no Pantanal !

Armando Arruda Lacerda Porto São Pedro*

bibliografia citada
Gn 11, 2 e 9
Carta do Pantanal MPFs e MPE CGR 06/06/2025
At 2, 7 e 8

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