Jovem foge após 7 anos presa em jaula por mãe e padrasto
Casal de Nova Jersey é preso por manter jovem em condições degradantes; vítima conseguiu escapar e denunciar

Um casal de Nova Jersey, nos Estados Unidos, foi preso em maio deste ano após manter uma jovem em cativeiro por sete anos, confinando-a inicialmente em uma jaula para cães e depois em um banheiro. As informações são do The New York Times.
A jovem, que agora tem idade não revelada, fugiu e procurou abrigo na casa da vizinha Susan Lacey, na cidade de Blackwood. Ela estava descalça, com o cabelo raspado, exalando mau cheiro e com marcas nos pulsos causadas por algemas.
“Você tentou se machucar?” – perguntou Susan ao ver as marcas. A resposta foi direta: “Não”. As cicatrizes eram do tempo em que ficava presa.
A jovem relatou que ficou um ano trancada em uma caixa de transporte, sem poder comer, estudar ou sair. Revelou ainda que o padrasto a tocava e que, ocasionalmente, era autorizada a passear com os cães.
Acusações contra os responsáveis
A promotoria do Condado de Camden apresentou mais de 30 acusações contra a mãe, Brenda Spencer (38 anos), e o padrasto, Branndon Mosley (41 anos), incluindo sequestro, tortura e agressão sexual.
Mosley admitiu à polícia que prendeu a jovem na caixa e raspou sua cabeça como punição, mas disse não se lembrar dos abusos sexuais. A promotora Kelly Testa afirmou: “Ele não se lembrava, mas disse que era possível“.
A mãe nega todas as acusações. A irmã mais nova, de 13 anos, afirmou não ter sofrido abusos. Caso sejam condenados, os dois podem pegar prisão perpétua.
“Esses são atos mais do que horríveis, absolutamente abomináveis […] análogos ao que se sofre como prisioneiro de guerra. Uma verdadeira tortura”, declarou Grace C. MacAulay, promotora do Condado de Camden.
Anos sem contato com o público
Durante anos, a jovem só era vista ao buscar rção para cães que por engano era entregue na casa de Susan. Desde os 12 anos, ela estudava em casa, o que impediu o convívio social e dificultou a detecção dos abusos.
Susan já havia feito uma denúncia anterior ao ver a irmã mais nova com um olho roxo e ouvir versões contraditórias da mãe e da menina. Pouco depois, a criança também foi retirada da escola pública.
“Quando você impede que uma criança fique em público, lá se vão suas testemunhas“, destacou a promotora.
A fuga e a libertação
Em 8 de maio, a jovem fugiu após ser ameaçada por não limpar excrementos de cães no porão. O padrasto disse que quebraria sua perna, e a mãe gritou: “Tchau, vadia”. Ela correu até a casa de Susan, que imediatamente chamou a polícia.
Naquele momento, a jovem apenas relatou uma briga familiar. Dormiu no carro de um vizinho, que, com medo de represálias dos pais, trancou o veículo e lhe deu um celular para ouvir música.
Somente no hospital, no dia seguinte, a jovem revelou toda a verdade. A polícia invadiu a casa e prendeu o casal em 11 de maio. Ambas as irmãs foram encaminhadas a um local seguro.
“Depois que descobri que tudo o que ela me dizia era verdade, desabei“, contou Susan Lacey.