
Vítima morreu por desnutrição grave após viver em condições precárias sob controle do casal
A Polícia Civil do Pará prendeu nesta sexta-feira (5) a pastora Marleci Ferreira de Araújo e seu marido, Ronnyson dos Santos Alcantara, suspeitos de manter uma mulher em cárcere privado, o que resultou em morte por desnutrição. A vítima, Flávia Cunha Costa, de 42 anos, faleceu no dia 19 de junho, após viver em condições descritas como “extremamente precárias” na casa do casal em Belém.
Prisão após investigação e denúncia anônima
A investigação teve início em maio, após uma denúncia anônima. Policiais encontraram Flávia debilitada, magra e em situação de abandono na residência de Marleci e Ronnyson, no bairro da Marambaia. Na ocasião, Flávia alegou ser amiga do casal e negou estar sendo mantida em cárcere, recusando-se a acompanhar os agentes. Apesar disso, a polícia continuou apurando o caso.
No dia 19 de junho, Marleci e Ronnyson levaram Flávia ao hospital, se identificaram como vizinhos e a deixaram sozinha, sem documentos. A mulher morreu pouco depois, e a causa do óbito foi confirmada como desnutrição grave. O laudo levou à prisão preventiva do casal, agora encaminhado ao sistema prisional paraense.
Maus-tratos e exploração de fiéis
Segundo a Polícia Civil, o casal liderava um grupo religioso que submetia seguidores a maus-tratos físicos e psicológicos, sob a justificativa de “purificação espiritual”. Pelo menos 13 pessoas viveram nas mesmas condições de Flávia: sem alimentação adequada, higiene ou liberdade. Quem descumpria as regras era punido.
Ainda não foi confirmado se Flávia fazia parte oficial do grupo religioso, nem por quanto tempo vivia na residência. Familiares relataram que ela vinha sendo manipulada emocionalmente pelo casal havia tempo.
Pseudoespecialista e uso da fé para lucro
Marleci se apresentava nas redes sociais como pastora há mais de 10 anos, além de afirmar ser sensitiva espiritual, terapeuta cristã, sexóloga e psicanalista, todas sem comprovação de formação ou certificação.
A polícia também apura se o casal obteve ganhos financeiros indevidos por meio da manipulação da fé dos seguidores. Há relatos de vítimas que teriam entregue bens pessoais e sustentado economicamente os dois.
Marleci e Ronnyson negam todas as acusações, mas permanecem presos preventivamente enquanto o caso é investigado.