
Subir ao palco, pegar o microfone e vender em três minutos uma solução tecnológica para algum problema produtivo do país. Em jogo, dez prêmios de R$ 20 mil para o empurrão inicial do negócio.
Foi com esse desafio que chegou ao último dia, neste sábado (11), a primeira edição do Curicaca, festival sobre tecnologia e sustentabilidade na indústria promovido em Brasília pelo governo federal com a participação de diversas entidades ligadas à indústria nacional.
O edital havia sido lançado em agosto pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), órgão ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e um dos responsáveis por realizar o Curicaca.
Ao todo, 40 projetos se inscreveram para o Desafio Nacional de Inovação, concebido para ocorrer como uma “batalha de startups”, formato já bem conhecido por jovens empreendedores que viajam pelo país em busca de financiamento para ideias originais.
O grupo, hoje com 12 alunos integrantes, desenvolveu o projeto Vigilância Agrícola e Resposta Digital, integrando antigas técnicas de captura de pragas com análises de inteligência artificial que permitem otimizar a colocação das armadilhas de combate a bichos como os tripes, pequenos insetos que prejudicam a cultura do algodão e outras.
A ideia conta com financiamento inicial da própria faculdade e venceu recentemente uma outra “batalha”, dessa vez por R$ 15 mil, no Desafio de Inovação Holambra Cooperativa, uma das mais tradicionais disputas de soluções tecnológicas para a agroindústria.
“Esse primeiro suporte financeiro ajuda muito, a gente precisa. Hoje a gente tem um protótipo, mas queremos transformar em um produto comercializável, perseguindo também a patente tecnológica”, observou Silveira.
Curicaca
Realizado entre os dias 7 e 11 de outubro no Estádio Mané Garrincha (Arena BRB), com entrada gratuita, o Festival Curicaca foi criado neste ano pela ABDI com inspiração em grandes conferências de tecnologia internacionais que unem promoção da inovação, discussões acadêmicas, debates sobre desafios das indústrias, questões ambientais e programação cultural.
Foram quatro palcos que em cinco dias de evento receberam discussões sobre tecnologia, inovação e sustentabilidade para a indústria e o desenvolvimento.
Os debates foram divididos em dez “trilhas do conhecimento”:
- Energia renovável e sustentabilidade energética;
- Inovação em saúde e biotecnologia;
- Transformação digital e Indústria 4.0;
- Segurança e defesa tecnológica;
- Indústria verde e economia circular;
- Agroindústria sustentável e agricultura familiar;
- Inovação social e desenvolvimento regional;
- Políticas e regulação;
- Infraestrutura sustentável e mobilidade verde;
- Tecnologia criativa e inclusão digital.
Neste sábado (11), por exemplo, foram discutidos os temas “mulheres nas deep techs brasileiras”, sobre a presença feminina na ciência e inovação, e “narrativas que constroem ou desmontam: como a desinformação impacta a indústria e o que fazer diante das fake news?”.
À noite, o evento será encerrado com o show de Jorge Aragão, em palco montado no próprio Mané Garrincha. Em outros pontos de Brasília ocorrem outras apresentações musicais, com artistas como Dj Marky e bandas como Dead Fish.
O festival é uma das iniciativas previstas no programa Nova Indústria Brasil (NIB), política industrial de longo prazo lançada pelo governo em 2024 e que prevê um investimento total de R$ 300 bilhões até 2026.
O presidente da ABDI, Ricardo Capelli, descreveu o Festival Curicaca como um “esforço de aproximar indústria, inovação, universidades e institutos federais, para fortalecer e discutir a indústria do futuro, que não é mais feita de chaminé e fumaça, mas de inovação, biotecnologia e sustentabilidade”.
Além de investimento estatal direto, o evento foi em parte custeado pela Petrobras, por meio da Lei Rouanet, de incentivo à cultura.