A infância pantaneira sempre era muito rica e obedecia mitos, crenças e histórias, muitas histórias.
E meninos viravam guerreiros, com suas fundas, de dedeira ou de forquilha, bolsos recheados de frutas de mamona se era uma guerra entre grupos previamente divididos.
Tadeu de Guilhermina eternizou-se como grande negaceador e, exímio atirador, um verdadeiro “sniper” na funda, só carcava mamona na cabeça!
Ou então intermináveis “caçadas” em busca de cobiçadas rolinhas, ariscas e que nunca se entregavam com facilidade.
Resgatei com outro antigo menino, o Martins, um velho mito: dos passarinhos “de Deus” portanto sendo vedado terminantemente molestá-los de qualquer forma, e os “do mal” sendo considerado caçá-los, até mesmo uma boa ação!
O Bemtevi, por essa ótica particular, havia “dedado” ou denunciado o lugar onde Cristo estava rezando no Jardim das Oliveiras…
Do mal, portanto!
Já o João de Barro, nosso Massabarro do Pantanal, quando o Bentevi gritava”bem te vi” , “bem te vi” denunciando o Senhor, o Massabarro se esgoelava dizendo “émentira”, “émentira”!
Do bem, de Deus portanto o operoso Massabarro!
A Divina Providência permitiu que todas as espécies sobrevivessem em abundância, às maquinações dos guris pantaneiros…
Hoje, já na maturidade, estou mais de acordo com o Bentevi, sinto-me compelido a não concordar com injustiças e maldades, e só me sinto ” do bem” e “de Deus” quando viro um incômodo Bentevi!
Por: Armando Arruda LacerdaPorto São Pedro