Após quarenta anos de desastre no Taquari necessitamos atingir um nivelamento informacional mínimo, tais como: a conservação de um rio pressupõe a conservação e não a destruição de suas margens ou uma agricultura no Planalto só poderá ser verdadeiramente sustentável considerando-¬se os efeitos das leis gravitacionais na Planície!
Tal como na fábula do lobo e do cordeiro, é impossível atribuir-se à inocente Planície a culpa do criminoso desastre, mantendo a lupina responsabilidade planaltina neste reiterado caso de Omissão de Socorro …
Manoel de Barros dizia: “no Pantanal não é possível passar régua, sobre muito quando chove, pois régua pressupõe existidura de limites e o Pantanal não tem limites. ”
Verdade empírica ratificada pelos mestres Ab’Saber e Orlando Valverde ao definirem o Pantanal como um Complexo de Transição composto por inserções de todos os Biomas e Fitofisionomias brasileiros, informação infelizmente não considerada por muitos entes!
Com base no conhecimento empírico do poeta ou cientifico dos pesquisadores pode-se afirmar que mesmo que no Cerrado não tenha Pantanal, no Pantanal tem Cerrado. Toda ação no Planalto provoca uma reação na Planície! Assim precisamos racionalizar sobre algumas perguntas: a quem aproveita a destruição do Pantanal? Quem induziu? Quem determinou? Quem financiou? Quem quer manter invisível o sofrimento dos moradores do Pantanal? Quem maneja estas lucrativas Cadeias Produtivas? Os cidadãos e os consumidores foram informados corretamente?
Quantas e necessárias respostas a reiteradas ações que, a pretexto de salvação, nos sufoca e condena! Quanta omissão hipócrita que precisamos iluminar! Seja com a potência do bugio ou com a tristeza do carão, com a estridência dos arancuans ou a humildade da jaó, com os espinhos do mandacaru ou a beleza dos ipês, seguiremos tentando buscar instâncias humanas ou legais que possam entender a verdade que une poesia à razão: o Pantanal expõe, mas não impõe sua composição solidária com todos os Biomas do Brasil!
Armando LacerdaPorto São Pedro