Somos irmãos, disse o religioso
O padre Júlio Lancelotti, conhecido por suas participações polêmicas no debate público, foi agraciado com um passe, uma espécie de “benzimento”, por uma mãe de santo, uma sacerdotisa de uma religião de matriz africana. O incidente ocorreu nos bastidores do programa “Sem Censura Pará” em Belém (PA), na última terça-feira (25).
O padre se apresentou nos estúdios para uma entrevista no programa da TV Cultura, sediado no Pará. Fazendo uso de folhas da Amazônia e água contida em um recipiente de argila, a mãe Juci de Oyá invocou a bênção de Ogum sobre o clérigo católico.
“Que ogum lhe proteja e guarde. Que o Senhor sempre leve essa palavra, essa força por onde o senhor andar. Que seja sempre protegido com as armas de ogum, que é são Jorge” disse a candomblecista.
Segundo ela, as folhas da Amazônia são “da nossa ancestral que é oxum”.
“Nossa senhora de Nazaré sempre lhe guarde” completou.
Padre Júlio Lancelotti respondeu com um “amém” e enfatizou “como é bonito que as religiões de matriz africana tenham reverência à Nossa senhora de Nazaré”.
Ele recordou-se da relação amigável entre a irmã Dulce (uma freira) e a mãe Menininha do Gantois (uma renomada mãe de santo).
“Somos irmãos, filhos do amor… e não podemos aceitar a violência” disse o religioso.
A fala ecumênica de Lancelloti gerou uma discussão fervorosa nas plataformas online. Enquanto alguns aplaudiam o padre por “respeitar diversidades de crenças”, por outro lado, houve diversas críticas de usuários da internet que são cristãos.
“Respeitar outras religiões não significa misturar crenças ou relativizar a fé católica” disse um internauta.
“De acordo com os ensinamentos da santa Igreja, esse padre aceita o que é considerado como pecado mortal” comentou outro.
