Um relatório técnico relativo às filmagens do Aeroporto de Roma confirmou que Alexandre Barci, descendente do ministro Alexandre de Moraes, desferiu um “tapa na nuca” em Roberto Mantovani, um empresário, no dia 14 de julho de 2023. Este achado representa uma mudança de direção no caso que se prolonga por um ano.
O documento, elaborado pelo professor Ricardo Molina de Figueiredo, refere-se ao embate entre Moraes, Barci e a família Mantovani. Na semana passada, Figueiredo teve a oportunidade de assistir as gravações na sede do Supremo Tribunal Federal (STF), na companhia do advogado Ralph Tórtima, dois juízes auxiliares de Moraes e mais cinco servidores públicos.
A acusação de Moraes contra os Mantovanis por terem supostamente agredido Barci ocorreu há pouco mais de um ano. No entanto, novos elementos são revelados pela perícia atualmente.
“Na forma como as imagens 59-61 foram apresentadas no relatório nº 004/23 tem-se uma ideia falsa do que realmente ocorreu”, observou o perito, no documento. “Assistindo o vídeo diretamente, constatou-se que uma cena anterior às mostradas nas imagens 59-61 foi suprimida. Tal cena, de extrema importância, mostra uma agressão praticada por Alexandre Barci contra Roberto Mantovani, consistindo em um tapa na nuca. Houve, portanto, uma agressão anterior ao gesto de Roberto Mantovani, o qual, nas imagens de vídeo levanta o braço em movimento instintivo de defesa, resvalando nos óculos de Alexandre Barci.”
Ainda conforme o perito, ao se referir a uma peça da Polícia Federal (PF), “é curioso observar que justamente neste ponto há uma falha na ordem numérica das imagens no relatório nº 004/23, tendo sido a numeração das imagens 59 e 60 duplicada”.
“Ressalte-se que numeração duplicada refere-se a imagens distintas”, constatou o técnico. “É importante também observar que entre a primeira apresentação da imagem numerada como ’60’ e a segunda apresentação da imagem numerada como ’59’ há um intervalo de tempo considerável, como fica evidente na modificação do posicionamento das pessoas na cena. Tal intervalo temporal atipicamente estendido ocorreu em função da supressão de frames que mostrariam a agressão de Alexandre Barci sobre Roberto Mantovani. Tal fato ficaria ainda mais evidente caso tivesse sido preservado o time code. De qualquer modo, se ainda pairar alguma dúvida, esta pode ser dirimida com a visualização do vídeo. Caso tivesse sido permitida aos peritos aqui signatários obter a cópia dos vídeos, ou apenas a captura dos frames de interesse, tal situação estaria aqui ilustrada inequivocamente com imagens de boa qualidade.”
Família acusada de causar confusão com Alexandre de Moraes em aeroporto é denunciada pela PGR
No dia 16 de julho, a famíliaMantovani foi denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por supostamente terem cometido agressão contra Barci. Eles serão responsabilizados por calúnia e injúria.
Pouco mais de um mês após a PF indiciar a família, a PGR tomou uma ação.
No entanto, quatro meses antes, Hiroshi de Araújo Sakaki, o delegado da PF responsável pelo caso, determinou que ocorreu uma “injúria real” contra o filho de Moraes. Contudo, ele não indiciou a família devido a uma instrução normativa que impede tal ação em crimes de menor potencial ofensivo, cujas penas são inferiores a 2 anos de prisão.
Quando um novo delegado assumiu o caso, os Mantovani acabaram se tornando o foco da Justiça.
As informações são da Revista Oeste
