Durante os primeiros 18 meses de seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi presenteado com 2,3 mil itens. Estes presentes foram enviados por governos estrangeiros, celebridades e pessoas comuns, conforme relatado pelo jornal Folha de S.Paulo.
Dentre os itens recebidos, encontram-se desde canetas promocionais até esculturas e obras de arte, incluindo um violão presenteado pelo músico Chris Martin, do Coldplay. Lula foi ainda agraciado com presentes oriundos de países árabes, os mesmos que presentaram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com joias, as quais se tornaram objeto de investigação.
A atual administração argumenta que os presentes não são luxuosos e que estão sendo integrados ao patrimônio público. A relação dos presentes que Lula recebeu até junho foi adquirida por meio da Lei de Acesso à Informação e se divide em acervo bibliográfico, incluindo livros, periódicos e folhetos, e acervo museológico, com os itens restantes.
O presidente, assim como Bolsonaro, foi presenteado com um relógio de mesa pelo governo dos Emirados Árabes Unidos. O relógio de Bolsonaro, ostentando diamantes, passou a fazer parte de sua coleção pessoal. Por outro lado, o governo Lula sustenta que o relógio que recebeu não tem características de luxo.
“Os presentes oferecidos pelo governo dos Emirados Árabes Unidos foram registrados logo que chegaram à Presidência da República e se encontram sob a responsabilidade da Diretoria de Documentação Histórica”, disse a Secom, em nota. “O relógio de mesa não é cravejado de diamantes ou de outras pedras preciosas, portanto, em nada se assemelha aos presentes recebidos pela gestão anterior. O relógio de mesa, inclusive, está pré-selecionado para ser incorporado ao patrimônio público.”
Um outro objeto dos Emirados Árabes Unidos é mencionado simplesmente como uma “caixa”, que segundo o governo Lula, é uma caixa de tâmaras. Lula também foi agraciado com dons de outras nações estrangeiras, como um cantil de Portugal, um relógio vindo da Finlândia, esculturas de países como Colômbia, Arábia Saudita, Venezuela e Índia, além de uma caneta-tinteiro da Romênia.
Das várias autoridades, empresas e instituições, o país estrangeiro que mais presenteou Lula foi a China, o principal parceiro comercial do Brasil. Os presentes vindos da China incluíram um quimono, miniaturas de carros e navios, um kit de chá, vasos e bolsas.
Presentes para o casal Lula e Janja
Dentre os presentes recebidos pelo casal Lula e Rosângela da Silva, conhecida como Janja, encontra-se um violão de Chris Martin, da banda Coldplay, autografado por todos os membros e dedicado a eles.
A “Folha” fez perguntas ao Palácio do Planalto sobre o destino do violão, mas não conseguiu uma resposta específica. O governo Lula declara que a determinação do acervo privado será finalizada até o término do mandato, seguindo a legislação.
A nota declara que “Alguns desses bens se encontram em ambientes dos Palácios do Planalto e Alvorada, o que é permitido pela legislação em vigor. Tal utilização é temporária, pois a destinação definitiva se dará ao final do mandato”. O governo reitera que a avaliação do valor desses itens será realizada no término do mandato.
Itens variados
Mais da metade dos presentes que Lula recebeu vieram de cidadãos comuns, que os enviavam ao Palácio do Planalto ou os entregavam ao se depararem com a comitiva presidencial.
Bandeiras, canecas, lenços, toalhas, bonecos, bonés, “imagens de santos”, cachaça, camisetas, uma enxada, desenhos, suplemento alimentar, turbante, prendedor de cabelo, rede para dormir e outros itens foram entregues.
Lula, um entusiasta do futebol, recebeu 27 camisas de times, presentes de populares, autoridades ou clubes, incluindo o Internacional de Porto Alegre, Santos, Portuguesa Santista e Palmeiras. Os presentes a presidentes têm sido objeto de controvérsia desde que veio à luz que Bolsonaro recebeu joias da Arábia Saudita.
O ex-presidente foi indiciado pela Polícia Federal, que alegou tentativa ou desvio de itens avaliados em R$ 6,8 milhões. Recentemente, o TCU decidiu que Lula poderia manter um relógio que recebeu em 2005, durante seu primeiro mandato, o que provocou uma nova discussão sobre o caso das joias de Bolsonaro.
As informações são da Revista Oeste
