Medalha do Mérito Farroupilha a João Pedro Stédile gera polêmica e mobilização contrária na Assembleia
A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou a concessão da medalha do “Mérito Farroupilha” ao líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), João Pedro Stédile. A honraria, a mais alta distinção concedida pelo parlamento gaúcho, está prevista para ser entregue em uma cerimônia marcada para o dia 16 de dezembro. No entanto, a decisão gerou forte reação da oposição, que busca reverter a homenagem.
Proposta e Polêmica
A iniciativa partiu do deputado Adão Pretto Filho (PT-RS), que sugeriu o nome de Stédile para receber a medalha. Tradicionalmente, o Mérito Farroupilha é entregue a figuras de destaque na cultura e história do Rio Grande do Sul, como os músicos Gildinho e Pedro Ortaça.
Contudo, a concessão da medalha a um dos principais líderes do MST foi vista como uma “afronta” por setores da oposição. O deputado estadual Capitão Martim (Republicanos-RS) lidera uma mobilização para reverter a homenagem e apresentou uma moção de repúdio contra a decisão.
Reação da Oposição
Capitão Martim organizou um abaixo-assinado que já conta com mais de 25 mil assinaturas. Para ele, homenagear João Pedro Stédile representa um desrespeito aos princípios fundamentais do Estado, como o direito à propriedade privada.
“A entrega desta distinção a uma personalidade como João Pedro Stédile, líder de um movimento que se utiliza de ocupações ilegais de terra e violência, representa um grave erro”, afirmou Capitão Martim. “Essa homenagem precisa ser imediatamente reconsiderada.”
Defesa da Propriedade e do Agronegócio
O parlamentar argumentou que as ações do MST são uma ameaça ao agronegócio e à propriedade privada, setores considerados pilares da economia gaúcha.
“Premiar tal movimento é negar os fundamentos sobre os quais o Rio Grande do Sul foi construído”, declarou. Martim também destacou que a homenagem acontece em um momento de preocupação crescente com invasões de terra e insegurança no meio rural.
Quem é João Pedro Stédile
Natural de Lagoa Vermelha (RS), João Pedro Stédile nasceu em dezembro de 1953 e é filho de pequenos agricultores. Formado em Economia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), iniciou sua atuação na Secretaria de Agricultura durante a faculdade.
Nos anos 1970, participou de ocupações de terra em Nonoai, eventos considerados fundamentais para a criação do MST. Atualmente, ele é um dos principais líderes nacionais do movimento, que defende a reforma agrária e a ocupação de terras consideradas improdutivas.