No último domingo, 23, a escola de samba Independentes de Boa Vista, localizada no Espírito Santo, apresentou seu desfile. Uma das alas fez uma homenagem explícita ao “Movimento dos Trabalhadores Sem Terra” (MST).
O deputado estadual Lucas Polese (PL-ES) reagiu com desaprovação, dizendo: “Isso é uma vergonha para o povo capixaba”, durante seu discurso no plenário da Assembleia Legislativa do Espírito Santo esta semana. Ele comparou a homenagem ao MST com as homenagens feitas a facções como Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital.
Polese também criticou o financiamento do desfile da Independentes de Boa Vista com dinheiro público. “Tenho certeza que um terço do nosso Estado, que vive do suor na terra, do cabo da enxada, sente desgosto de ver uma coisa dessa bancada com o nosso recurso.”
O parlamentar é reconhecido por seu suporte às famílias da área rural do Espírito Santo que possuem terras alvo do MST e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Ele é um dos defensores da família Bettim, que mencionou em seu discurso para enfatizar o repúdio à homenagem feita pelo escola de samba ao movimento.
Por sua vez, a Independentes de Boa Vista afirma que a ala do desfile dedicada ao MST se encaixava no contexto do enredo principal, que prestou homenagem ao fotógrafo Sebastião Salgado. Este passou três anos em assentamentos do movimento para um projeto de fotografia.
Já o MST agradeceu a homenagem. “O movimento agradece à escola Boa Vista pelo convite para participar desse momento especial, reafirmando o papel do Carnaval como espaço de memória, cultura e resistência”, diz uma publicação no Instagram.
Prefeito repudia homenagem ao MST e cancela financiamento à escola de samba
O prefeito de Cariacica, onde se localiza a sede da agremiação, Euclério Sampaio, expressou seu repúdio à Independentes de Boa Vista em uma nota publicada nesta quarta-feira, 26. Ele afirmou que, a partir deste ano, “a prefeitura não fará mais nenhum repasse financeiro à escola de samba”.
“Nosso objetivo enquanto prefeitura foi fomentar o movimento cultural da nossa cidade”, disse Euclério Sampaio. “Contudo, esse erro é inadmissível.”
Já uma nota da administração municipal de Cariacica, publicada horas depois, disse que o processo de verbas de fomento à cultura “seguirá os trâmites democráticos e republicanos, sem represálias”.
As informações são da Revista Oeste
