
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a se envolver em um embate diplomático ao comentar a tensa reunião entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky na Casa Branca. Durante uma entrevista no Uruguai, Lula classificou o episódio como “grotesco” e afirmou que o presidente ucraniano foi “humilhado” pelo republicano.
A declaração foi feita enquanto Lula acompanhava a posse do novo presidente uruguaio, Yamandú Orsi, aliado político do ex-mandatário Pepe Mujica. Sem poupar críticas a Trump, o petista aproveitou a ocasião para condenar o tom do encontro entre os líderes de EUA e Ucrânia.
“Desde que a diplomacia foi criada, não se via uma cena tão grotesca e desrespeitosa como aquela que aconteceu no Salão Oval da Casa Branca. Acho que há uma parcela da sociedade que vive do desrespeito aos outros. Zelensky foi humilhado, e na cabeça de Trump ele merecia isso”, afirmou Lula.
A investida do petista contra Trump ocorre em meio a um cenário internacional conturbado, no qual os EUA avaliam sua posição em relação à guerra da Ucrânia e ao apoio financeiro ao governo de Zelensky.
Tensão no Salão Oval: Trump rebate críticas e questiona postura de Zelensky
A reunião entre Zelensky e Trump na Casa Branca, na sexta-feira (28), foi marcada por momentos de forte tensão. O presidente ucraniano demonstrou incômodo com declarações do vice-presidente dos EUA, JD Vance, que criticou o apoio de Joe Biden à Ucrânia e defendeu negociações diretas com Vladimir Putin.
A discussão se intensificou quando Zelensky sugeriu que a Rússia poderia entrar em conflito com os EUA no futuro. Trump interveio e respondeu de maneira firme:
“Você não sabe disso. Não nos diga o que vamos sentir. Estamos tentando resolver um problema. Não nos diga o que vamos sentir. Porque você não está em posição de ditar isso”, declarou Trump.
O republicano também reforçou que a Ucrânia já havia recebido um grande volume de ajuda financeira dos EUA e cobrou uma postura mais grata por parte de Zelensky.
“Você tem que ser grato. Você não tem as cartas, está encurralado, seu povo está morrendo. Você está ficando sem soldados”, disse Trump.
A reunião terminou de maneira abrupta, com Trump ordenando que os jornalistas deixassem o Salão Oval. Pouco depois, foi Zelensky quem se retirou.
Lula tenta se posicionar no cenário internacional, mas enfrenta falta de influência
No dia seguinte ao polêmico encontro, Lula continuou a comentar o caso, tentando se projetar como um mediador do conflito entre Rússia e Ucrânia. O petista mencionou conversas com o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, e afirmou que a União Europeia estaria reconsiderando sua abordagem sobre a guerra.
“Durante muito tempo a União Europeia defendia que era preciso conversar só com o Zelensky e não com o Putin. Agora que o Trump conversou com o Putin, a União Europeia quer que o Zelensky participe. Eu acho que não tem paz se não tiver a participação dos dois presidentes que estão em conflito”, declarou Lula.
Apesar da insistência em se posicionar como um articulador da paz, Lula já tentou sem sucesso se inserir nas negociações da guerra. Sua tentativa de mediação entre Ucrânia e Rússia no passado não obteve prestígio nem adesão de líderes internacionais, o que levanta dúvidas sobre sua real influência no cenário geopolítico.
Com esse novo ataque a Trump, Lula reacende tensões com o ex-presidente americano, que pode retornar à Casa Branca nas próximas eleições. A postura do petista também pode comprometer a relação do Brasil com os EUA em um momento delicado da política global.