
Documento aponta queda deliberada de videoconferência com patrocinador após orientação interna; caso foi arquivado por falta de autor identificado
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se viu no centro de nova polêmica após denúncia anônima indicar que o coordenador de TI, Haroldo Aguiar, teria solicitado a queda proposital de uma reunião virtual com o banco Itaú, um dos principais patrocinadores da entidade.
O suposto incidente ocorreu dias após a renovação do contrato entre a CBF e o banco, firmada em setembro de 2022, com valor estimado em R$ 300 milhões pelos próximos quatro anos.
Mensagens internas indicam sabotagem deliberada
Segundo mensagens divulgadas pelo portal Léo Dias, Haroldo Aguiar orientou o analista de suporte Ulysses Campos a derrubar a conexão da videoconferência por cinco minutos, após um pedido informal de Luciara Vasconcelos, do setor financeiro.

“Ela pediu por e-mail ou formulário?”, questionou Aguiar. Ao saber que o pedido foi verbal, respondeu: “então deixa cair por cinco minutos”.
Conflitos internos e clima de desconfiança
As mensagens revelam animosidade entre os setores de TI e Financeiro da CBF. Em conversa com Thiago Neves, Haroldo comenta sobre a influência crescente de Luciara:
“Ela está forte com o presidente Ednaldo Rodrigues. Ir contra é um tiro no pé”.
Com Elton, ex-funcionário da TOTVS, Haroldo criticou a postura do setor financeiro:
“Eles empurram os problemas para os outros”. Ele também mencionou um “problema de internet” no mesmo dia da reunião com o Itaú.

Denúncia arquivada por anonimato
A Comissão de Ética do Futebol Brasileiro (CEFB) arquivou a denúncia anônima, que incluía outras três acusações de violação ao código de ética da CBF. Segundo a CEFB, não são analisadas ocorrências sem autoria identificada.
“Tivemos conhecimento deste caso, mas quem nos garante que não existam outros semelhantes sendo praticados cotidianamente?”, diz trecho do parecer.
Instabilidade comercial e saída de patrocinadores
Apesar da arrecadação recorde de R$ 1,5 bilhão em 2024, a CBF enfrenta instabilidade com seus patrocinadores. Após as denúncias da Revista Piauí, quatro marcas romperam contratos: GOL, Mastercard, Pague Menos e TCL Semp.
Desde a Copa do Mundo de 2022, nove patrocinadores já deixaram a entidade. Entre os escândalos, a revista revelou que a CBF abandonou 10 carros fornecidos pela FIAT, parte de um contrato avaliado em R$ 6 milhões anuais. Os veículos permanecem em pátios de concessionárias desde 2023, sem terem sido retirados.