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PT aposta da divisão e lança vídeo com discurso de confronto entre ricos e pobres

PT divulga vídeo com discurso de confronto entre classes e defende nova taxação de bilionários.

Propaganda defende taxação de bilionários, mas evita mencionar alta de gastos e crise fiscal do governo

O Partido dos Trabalhadores (PT) divulgou nesta sexta-feira, 27, uma nova peça de propaganda política que retoma a retórica de confronto entre pobres e ricos, uma marca dos discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O vídeo, amplamente compartilhado nas redes sociais, utiliza imagens com aparência de inteligência artificial e aposta numa estética dramática e simbólica.

A peça destaca a desigualdade na carga tributária, afirmando que trabalhadores assalariados sustentam o sistema fiscal, enquanto os bilionários, bancos e casas de apostas pagam proporcionalmente menos.

“No Brasil, quem vive de salário sempre carregou o maior peso dos impostos”, afirma a narração.

Crítica omite dados sobre gastos e crise fiscal

Apesar do forte apelo visual e emocional, o vídeo não menciona o aumento dos gastos públicos ou os problemas fiscais enfrentados pelo governo. A proposta de reforma do Imposto de Renda, defendida por Lula, busca isentar rendimentos de até R$ 5 mil mensais, mas depende da aprovação da taxação dos mais ricos para equilibrar as contas.

Com a mudança, o número de declarantes de IR cairia de 43,4 milhões para cerca de 15 milhões, o que representa menos de 15% da população economicamente ativa do país (atualmente com 106 milhões de pessoas).

Estilo visual reforça oposição de classes

O vídeo mostra trabalhadores exaustos carregando grandes sacos rotulados com a palavra “imposto”, enquanto os ricos aparecem como homens brancos engravatados com sacos bem menores. A mensagem central afirma:

“O governo Lula quer virar esse jogo com o novo Imposto de Renda”.

A produção lembra antigos filmes e campanhas sindicais, com forte ênfase na estética de luta e resistência popular.

Risco eleitoral da estratégia

A retomada da retórica de classe pode se tornar um tiro no pé para Lula, segundo analistas. Isso porque grande parte de seu eleitorado — especialmente nas periferias urbanas — não compartilha de uma visão ideológica tradicional de esquerda.

Pesquisas da Fundação Perseu Abramo, ligada ao próprio PT, indicam que muitos eleitores pobres, incluindo os evangélicos (35% do eleitorado de Lula), valorizam o empreendedorismo e aspiram mobilidade social, o que entra em choque com um discurso de antagonismo contra o lucro.

 

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