A professora Eliete de Lima Fernandes Figueiredo afirma ser de extrema importância a oficina. “Eles aprendem na teoria a arte indígena, a gente faz uma contextualização sobre o que é a arte indígena, e esses trabalhos manuais na prática vai unir a teoria à prática, vão pôr a mão na massa, ver como os indígenas trabalham, o meio de sobrevivência deles através do artesanato”.
Francisco dos Santos, professor de História do Ensino Médio da escola Estadual Armando de Oliveira, disse que a ideia de trazer a oficina para a escola surgiu de uma necessidade de atividades extracurriculares diferenciadas que dialoguem com a cultura sul-mato-grossense sobre tudo dos povos indígenas, povos originários.
“E uma oficina, né, algo assim palpável, algo que convide os nossos estudantes a conhecer fazendo o trabalho com argila”, frisa.
Douglas Alves da Silva, historiador e coordenador do Arquivo Público Estadual, afirma ser muito importante a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul trazer as oficinas nas escolas pois ela vem a colaborar com o processo de ensino aprendizagem.
“Os professores já trabalham alguns dos conteúdos em sala de aula e eles são aprofundados a partir da parte prática que é apresentada pelos nossos mestres, nossa mestra artesã Rosenir Terena hoje, falando sobre a cerâmica Terena, trazendo como é feita a cerâmica Terena, e mais tarde nosso mestre Sebastião Brandão com a viola de cocho, dois patrimônios que são reconhecidos pela Fundação de Culturae que têm toda uma importância para a formação da nossa identidade enquanto sul-mato-grossenses”.
O diretor da escola, Henrique Manoel Ramos Alberto, concorda. “Eu penso que tudo o que pode mostrar a diversidade da sociedade para os alunos é válido, é para eles terem contato com realidades que sejam diferentes da que eles vivem, acho que é muito importante isso. Fora a parte da oficina em si, mas mais a parte cultural, mesmo. Eles têm contato com a cultura indígena durante as aulas, mas eu acho que é pouco. A gente sabe que o currículo é bastante apertado, são bastantes conteúdos, carga-horária pequena de algumas aulas, então eu penso que a prática é diferente do que eles ficarem só olhando na sala de aula”.
A ministrante da oficina, Rosenir Batista, mora na aldeia Cachoeirinha, município de Miranda, e trabalha com cerâmica desde quando tinha 12 anos.
“Eu trabalhava com a minha mãe, minha mãe trabalhava já com cerâmica, eu ajudava. Na prática, hoje, eu tenho 25 anos na área de artesanato. A cerâmica para mim é um trabalho que minha mãe me deixou. Então eu não posso deixar morrer a cultura, o trabalho que ela deixou para mim, eu tenho que dar continuidade. É a cultura da aldeia onde eu moro, eu não posso deixar ser esquecido, toda a minha família hoje trabalha na cerâmica. É muito bom ver os alunos felizes, eu vejo a satisfação deles de poder pegar na argila”.
A aluna do nono ano da escola, Karine Costa Vilela, disse que quer aprender mais sobre argila.
“A minha expectativa é muito boa, eu pretendo aprender muitas coisas sobre a argila em si, pretendo aprender e quem sabe eu posso me interessar e começar a aprender mais. Nunca tive contato com a cerâmica terena, mas a professora Eliete mostrou uma vez uma foto de uma argila muito bonita, era um vaso grande com algumas pinturas brancas, muito bonito. Eu gosto de aprender sobre a cultura indígena”. Sua amiga Maria Eduarda Ferreira Brandão vê a oficina como uma oportunidade de conhecer mais sobre argila: “Eu não me lembro de ter visto ou estudado sobre cerâmica indígena, mas acho uma coisa bem interessante. Hoje eu pretendo aprender um pouco mais sobre a história e talvez conseguir trabalhar com argila”.
O estudante também do nono ano Pedro Paulo Carrilho Martinez tem a expectativa de aprender uma modelagem em cerâmica.
“A gente aprende muito sobre a cultura dos indígenas e sobre a cultura Terena também, que eles mexem com a modelagem de argila. Eu fui para Terenos e lá tinha algumas cerâmicas à mostra na frente de uma loja, eu comprei algumas porque achei muito bonitas, e também tem alguns desenhos bem específicos que é da cultura deles também, eu acho bem interessante. Eu gosto de artesanato, é uma coisa que você gosta de fazer, é algo para você esfriar sua cabeça e ficar longe dos seus problemas”.
Karina Lima, Comunicação FCMS
Fotos: Ricardo Gomes