Ainda que não estivéssemos lidando com uma pandemia, o setor público consolidado do Brasil – composto por União, Estados, municípios e estatais – apresentou um déficit nominal histórico de R$ 1,043 trilhão nos 12 meses anteriores a abril. A informação foi divulgada pelo Banco Central nesta quarta-feira (29).
Pela primeira vez, o rombo nas contas públicas ultrapassou o pico de R$ 1,017 trilhão, que foi registrado durante a pandemia da Covid-19.
O setor público tem um déficit nominal, que é o resultado do balanço entre receitas e despesas, incluindo o pagamento dos juros da dívida. O Banco Central informou que o déficit de R$ 1,043 trilhão equivale a 9,41% do PIB. Um dos fatores principais para a elevação do déficit é a despesa com os juros da dívida, que totalizou R$ 776,3 bilhões nos 12 meses acumulados até abril. Este valor é o mais alto já registrado na série histórica.
A manutenção da alta taxa básica de juros (Selic) em patamares elevados por um extenso período de tempo, resultou no encarecimento da dívida pública e contribuiu para um maior déficit nominal. No momento, a Selic se encontra em 13,75% ao ano, uma taxa vista como restritiva, com o propósito de controlar a inflação e as expectativas futuras.
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, expressou incertezas sobre o cenário internacional, a possibilidade de alteração na “meta de inflação” e questionamentos acerca da confiabilidade do novo “arcabouço fiscal”.
O titular da pasta da Fazenda, Fernando Haddad, por outro lado, argumenta que a meta inflacionária é extremamente rigorosa e condena o que ele denomina de “fantasminhas” que propagam a percepção de um estado econômico em declínio no Brasil.