A produção de carne no Brasil segue em ritmo acelerado para atender tanto ao mercado interno quanto às exportações. Este ano, o setor deve alcançar cerca de 10,2 milhões de toneladas, o maior volume já registrado na série histórica. Contudo, mesmo com a produtividade em alta, os consumidores enfrentam aumentos significativos nos preços.
A seca, que prejudicou as pastagens em diversas regiões, e a mudança no ciclo pecuário são apontadas como fatores que impactam diretamente a oferta e elevam os custos ao consumidor.
Ciclo Pecuário e Estiagem Afetam Inflação
A mudança no ciclo pecuário, que reduz a oferta de animais para abate, foi destacada na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) como um dos elementos que pressionam a inflação de curto prazo. A estiagem deste ano também contribuiu para a alta dos preços ao comprometer a alimentação do gado.
Esses fatores ajudaram a justificar o aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic, que passou de 11,25% para 12,25% ao ano, como forma de tentar conter os impactos inflacionários.
Banco Central Aponta Surpresa na Alta da Carne
O Relatório Trimestral de Inflação, divulgado pelo Banco Central no último dia 19, também destacou a forte elevação nos preços da carne bovina como um fator inesperado. O documento ressalta:
“A principal surpresa ocorreu em alimentação no domicílio, devido às fortes elevações do preço da carne bovina. Embora já se esperasse que o ciclo do boi fosse reduzir a oferta de animais para o abate, a evolução dos preços ocorreu mais cedo e foi mais intensa do que o antecipado”.
Demanda Forte e Exportações Agressivas
Com uma pecuária mais tecnificada, os rebanhos no Brasil estão sendo abatidos mais jovens e com maior peso, adequando-se ao padrão “Boi China”. Apesar dos ganhos de produtividade, os últimos meses registraram uma combinação de forte demanda doméstica e maior agressividade nas exportações, o que acabou pressionando ainda mais os preços.