
O Brasil deverá registrar um dos maiores déficits nominais do mundo em 2024 e 2025, mantendo-se muito acima dos níveis observados em outras economias emergentes, segundo um relatório divulgado pelo BTG Pactual. A análise, que compara o Brasil com outras 22 economias globais, aponta que o país seguirá na segunda posição em déficit nominal, atrás apenas da Bolívia.
Em 2023, o déficit nominal brasileiro — que corresponde à diferença entre as receitas e as despesas do governo — chegou a 8,8% do PIB, consolidando-se como o segundo maior do mundo. Para os próximos anos, o relatório prevê um déficit de 7,8% em 2024 e 8,6% em 2025, números que demonstram a persistência de um alto desequilíbrio fiscal.
Em comparação com outros países da América Latina, o Brasil será o único a apresentar aumento no déficit nominal entre 2024 e 2025. Nações como México, Chile, Colômbia e Peru devem registrar déficits nominais abaixo de 4% do PIB em 2025, reforçando a distância do Brasil em relação aos seus pares regionais.
“O déficit nominal médio deste governo, considerando o período de 2023 a 2026, deve ficar em 8,2% do PIB”, destaca o BTG.
Dívida Pública em Crescimento
Apesar de o Brasil ter cumprido as regras fiscais em 2024, o relatório indica que a dívida pública continuará crescendo nos próximos anos. Segundo o BTG, ao final de 2026, a dívida pública bruta deverá atingir 86% do PIB, enquanto a dívida líquida alcançará 70,4% do PIB, o maior nível desde 2003.
Em termos de dívida pública bruta, o patamar será o maior desde 2020, quando o indicador chegou a 86,9% do PIB. A evolução da dívida líquida reforça a preocupação com o desequilíbrio fiscal, já que a tendência de alta compromete a sustentabilidade das contas públicas no longo prazo.
Análise do Pacote Fiscal
O relatório também avalia o pacote fiscal anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no segundo semestre de 2024. Para o BTG, as medidas propostas ficaram abaixo do esperado e não eliminam os riscos de alterações no arcabouço fiscal até 2026.
O impacto fiscal projetado pelo governo é visto com ceticismo pelo banco. O BTG estima que as medidas terão um impacto de R$ 46 bilhões em dois anos e de R$ 242 bilhões até 2030, enquanto o governo projeta um impacto maior, de R$ 71,9 bilhões e R$ 327 bilhões no mesmo período, respectivamente.
O relatório enfatiza que, mesmo com o cumprimento das regras fiscais, a alta da dívida pública, combinada com um déficit nominal elevado, coloca em xeque a sustentabilidade econômica do Brasil nos próximos anos.