
Durante sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, 22 de maio, o ministro Flávio Dino usou seu tempo de fala para ler em plenário uma mensagem ofensiva recebida pela ouvidoria da Corte.
O comentário anônimo incluía xingamentos e ameaças, como a de que o ministro deveria “apanhar até perder os dentes”, além de chamá-lo de “rocambole do inferno”.
“Vou perguntar para minha esposa o que ela acha, e ela vai dizer: ‘Você é meu rocambole, não do inferno’”, ironizou Dino diante dos colegas ministros.
Críticas e contexto histórico distorcido
Durante seu voto em ações sobre cargos operacionais nos tribunais de contas de São Paulo e Goiás, Dino refutou outras acusações presentes na mensagem, como a de que teria apoiado anistia para criminosos na década de 1980.
“Eu recebi hoje, vindo da ouvidoria do Supremo, uma postagem muito gentil de um cidadão. ‘O ladrão, esse bandido, estava nas ruas pedindo anistia para ladrão de banco, assassinos’. Aí cita Gilberto Gil, Caetano Veloso, Dilma Rousseff e outros. Eu tinha 11 anos, e posso garantir que estava jogando bola, brincando de carrinho”, declarou o ministro.
Ministro Dino relata que um cidadão mandou na ouvidoria do Supremo o chamando de “rocambole do inferno”.
Ele ri, diz que achou até criativo e poético.
Ministro Alexandre de Moraes aparece rindo no vídeo.
Se esse fosse o real espírito dos membros do STF com os memes e… pic.twitter.com/RgtHiFHvEh
— Júlia Zanatta (@apropriajulia) May 23, 2025
Preocupação com discurso de ódio
Para Flávio Dino, o episódio reflete o avanço da intolerância e da radicalização política, principalmente nas redes sociais.
Ele ressaltou que “as caixas de comentários ganham densidade quando penetram na mente humana”, e defendeu que o Judiciário leve em conta o contexto social ao julgar casos envolvendo incitação ao ódio.
Clima de tensão na Esplanada
Enquanto Dino discursava, a Esplanada dos Ministérios vivia clima de alerta. Policiais militares do Distrito Federal foram acionados para conter um homem que ameaçava explodir um artefato explosivo em frente ao Ministério do Desenvolvimento Social.
O suspeito estava acompanhado da família, incluindo uma mulher grávida e duas crianças, e chegou a segurar uma criança no colo durante a negociação com os agentes de segurança.
O caso mobilizou forças de segurança e elevou o clima de tensão no centro político do país.