Ex-ministro reage à interpelação judicial da AGU por declarações sobre corrupção e reforça críticas ao presidente Lula
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) declarou neste sábado (7) que está sendo “perseguido” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem classificou como “covarde”, em resposta a um processo movido pela Advocacia-Geral da União (AGU). A ação se refere a supostas ofensas ao chefe do Executivo federal veiculadas por Ciro nas redes sociais.
Vídeos publicados por Ciro motivaram o processo
Segundo a AGU, Ciro Gomes teria cometido crimes contra a honra de Lula ao publicar vídeos em plataformas como YouTube e Instagram, nos quais acusa, de forma indireta, o presidente de envolvimento em esquemas de corrupção relacionados ao programa “Crédito do Trabalhador”.
“No vídeo citado, reproduzido em ambas as plataformas [YouTube e Instagram], o interpelado [Ciro Gomes], autor das postagens, fez insinuação sabidamente falsa, sugerindo que o Presidente da República teria se beneficiado de propina como condição à implementação da recente política intitulada ‘Crédito do Trabalhador’”, diz a petição da AGU.
Transcrição da fala de Ciro é incluída na ação
A petição apresenta também um trecho do discurso feito por Ciro em março, com acusações ligadas ao histórico do mensalão:
“Eu fico pensando em quanto terá sido a enorme propina para que essa imensa negociata seja anunciada. Vocês acham exagero? É que vocês não sabem, como eu, como é que nasceu o mensalão. Foram os paus mandados do Lula vendendo o cadastro de aposentados do INSS para o Banco Rural.”
AGU exige esclarecimentos formais do ex-ministro
De acordo com a AGU, a interpelação busca que Ciro esclareça o conteúdo de suas declarações, explicite suas intenções e confirme ou negue o que afirmou, a fim de delimitar juridicamente o impacto de suas palavras:
“Que o interpelado esclareça e detalhe as ofensas veiculadas e, através de suas explicações, possa claramente ratificar ou negar suas afirmações, assim delimitando o alcance real de suas palavras e expressões, razão pela qual a presente medida se impõe com o objetivo de melhorar sua conduta.”
Ciro reage e mantém críticas ao governo Lula
Em novo vídeo publicado neste sábado, Ciro rebateu a interpelação judicial e acusou o presidente Lula de liderar um movimento de perseguição política:
“Nos últimos anos, eu tenho procurado suportar em silêncio um enorme lawfare. Muitos processos artificiais são movidos contra mim pelos políticos agentes dos agiotas que chupam o sangue do povo brasileiro. […] Agora, finalmente, o maior dos agentes dos agiotas, o presidente Lula, ele mesmo, do alto da sua covardia e manipulando o próprio poder da Presidência da República, entra nesse jogo judicial na tentativa de me calar.”
Ex-ministro diz que ação evita que ele prove o que afirma
Ciro também criticou o conteúdo da ação judicial, argumentando que a escolha da AGU por uma interpelação e não por uma acusação de calúnia é estratégica para impedir sua defesa com provas:
“[Lula] me interpela judicialmente por suposto ataque a sua honra, mas não por calúnia, pois me daria o direito de pedir o que em direito se chama ‘exceção da verdade’, que é provar que tudo o que eu falo é a mais pura verdade.”
“A propósito, não ofendi em nada em minhas exposições das políticas de agiotagem do governo. São os fatos e somente eles, os fatos, que o ofenderam.”
Ciro promete continuar com as denúncias
Ao final do vídeo, Ciro reforçou sua postura combativa contra o governo e afirmou que não pretende recuar:
“A pobreza é o negócio do governo Lula, os bancos, os seus beneficiários. Não me calarei. Não podem me intimidar. Quem não tem rabo preso, nem pretende ser candidato a mais nada, a não ser defender o povo brasileiro, vou lutar até o último dia da minha vida.”
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