
Presidente brasileiro é recebido por príncipe de Mônaco enquanto acúmulo de viagens internacionais gera críticas no país
Neste domingo (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Mônaco para mais uma etapa de sua extensa agenda internacional, desta vez com foco na chamada economia azul. Lula foi recebido pelo príncipe Albert II durante o encerramento do Fórum de Economia e Finanças Azuis, evento que reúne empresas e governos interessados em explorar de forma “sustentável” os recursos marítimos.
Fórum serve como vitrine internacional, mas soluções reais ficam no discurso
Embora o evento discuta temas relevantes como a preservação dos oceanos e o financiamento de atividades sustentáveis, o volume de recursos necessários — estimado em US$ 175 bilhões por ano até 2030 — ainda está muito distante da realidade, com apenas US$ 25 bilhões investidos anualmente. Para críticos, fóruns como este se tornam mais uma oportunidade de autopromoção do que instrumentos efetivos de transformação ambiental.
A participação de Lula em eventos internacionais tem sido recorrente e está sob escrutínio, já que o presidente já gastou mais de R$ 50 milhões em viagens ao exterior apenas em seu terceiro mandato.
Lula troca prioridades domésticas por agendas internacionais
Além do príncipe de Mônaco, estiveram presentes na cerimônia o presidente da França, Emmanuel Macron, e o da Costa Rica, Rodrigo Chaves Robles. O evento também serviu de preparativo para a 3ª Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos (UNOC3), que ocorre em Nice a partir de segunda-feira (9).
Enquanto participa desses encontros, Lula deixa questões domésticas em segundo plano, como o avanço do desemprego, a estagnação econômica em vários setores e a insegurança pública — temas cada vez mais cobrados por críticos do governo.
Luxo e encontros bilaterais às custas do contribuinte
Lula se hospedou no tradicional e luxuoso Hotel Negresco, na orla de Nice, local onde também manteve encontros bilaterais com António Costa, presidente do Conselho Europeu, Audrey Azoulay, da Unesco, e o presidente do Benin, Patrice Talon.
Durante o almoço com Costa, a pauta incluiu o acordo entre União Europeia e Mercosul, que Lula quer destravar, mesmo com forte resistência francesa. O petista defendeu novamente o pacto, prometendo resultados até dezembro, quando encerra sua presidência rotativa do Mercosul.
Mas enquanto articula acordos que agradam ao exterior, internamente cresce o descontentamento com um presidente que parece mais preocupado em cultivar sua imagem global do que em enfrentar os desafios do Brasil.