
Medida visa reduzir dependência externa e deve baratear preço dos combustíveis no Brasil, mas carros farão menos quilômetros por litro
O governo federal anunciou nesta quarta-feira (25) que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou o aumento nos percentuais de biocombustíveis nos combustíveis fósseis. A mistura de etanol na gasolina passará de 27% para 30% a partir de 1º de agosto, enquanto o biodiesel no diesel subirá de 14% para 15%.
A medida foi anunciada poucos dias após o agravamento do conflito militar entre Israel e Irã, um dos maiores produtores de petróleo do mundo. O governo aproveitou o momento geopolítico tenso para justificar a decisão, vista por muitos como uma imposição oportunista, sob o pretexto de proteger o país de choques externos.
Anúncio oficial em evento do Ministério de Minas e Energia
A decisão foi apresentada durante a cerimônia “Combustível do futuro chegou: E30 e B15“, no Observatório Nacional da Transição Energética, na sede do Ministério de Minas e Energia.
“Estamos observando uma volatilidade de preço muito grande, o risco de ter uma disrupção das cadeias de fornecimento globais. Por isso, essa medida é importante para a estabilidade geopolítica do Brasil, porque, ao reduzirmos a importação de combustível, nos tornamos mais resilientes a qualquer cenário internacional”, declarou Pietro Mendes, Secretário Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.
Impacto no bolso: leve queda no preço, mas menos desempenho por litro
Segundo o governo, o aumento do teor de etanol na gasolina pode resultar em uma redução de até R$ 0,11 por litro no preço ao consumidor. Isso porque o etanol tem carga tributária mais baixa e é mais barato que a gasolina tipo A.
No entanto, há um efeito colateral direto para o consumidor: o etanol possui menor poder calorífico em relação à gasolina, o que significa que os carros farão menos quilômetros por litro com a nova composição. Ou seja, o motorista pode gastar menos por litro, mas terá que abastecer com mais frequência.
Medida sob críticas de oportunismo e estratégia política
A escolha do momento para anunciar o E30 e B15 também levanta críticas: o governo teria se valido do conflito no Oriente Médio como justificativa para implementar a medida de forma pouco transparente e sem amplo debate público.
Embora a pauta da transição energética esteja no centro das políticas do Ministério de Minas e Energia, críticos apontam que o anúncio foi politicamente conveniente, aproveitando o medo da instabilidade internacional para impor mudanças que afetam diretamente o consumidor brasileiro.
Nova política energética mira resiliência, mas desafia eficiência
Com o cenário internacional incerto, o Brasil busca minimizar sua dependência externa por meio da elevação dos teores de biocombustíveis. A medida, segundo o governo, fortalece a segurança energética e a indústria nacional, embora represente uma troca entre custo e eficiência para o motorista.