
Neste domingo (29), a prestigiada revista britânica The Economist publicou um artigo repleto de críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), classificando-o como “um verdadeiro homem de lugar nenhum” (“A real nowhere man”). O texto aponta incoerência na política externa, perda de influência internacional e queda no apoio popular dentro do Brasil.
Alinhamento a regimes autoritários e distanciamento do Ocidente
A revista ressalta que o governo Lula tem se distanciado das democracias ocidentais ao se aproximar de regimes como Irã, China e Rússia, especialmente no contexto do bloco BRICS, que o Brasil preside em 2025. Segundo o editorial, o Itamaraty tem evitado temas polêmicos na cúpula do grupo prevista para julho, no Rio de Janeiro, numa tentativa de minimizar danos à imagem internacional do país.
Falta de pragmatismo em temas globais
O artigo também critica Lula por ignorar os Estados Unidos sob Donald Trump, ao mesmo tempo em que estreita laços com a China. A revista considera fracassada a tentativa de mediação do Brasil na guerra da Ucrânia e denuncia a ausência de ações eficazes diante da crise na Venezuela e do colapso institucional no Haiti.
Cenário doméstico desafiante e base social fragilizada
Internamente, The Economist aponta que Lula governa sem o apoio popular que tinha em mandatos anteriores. O presidente, segundo a revista, enfrenta um novo perfil do eleitorado brasileiro, com o avanço dos evangélicos, o crescimento da informalidade na economia e o fortalecimento da direita e do conservadorismo em todas as regiões do país.
A revista destaca que a aprovação pessoal de Lula está abaixo dos 40% e que sua base histórica — formada por sindicalistas, católicos progressistas e beneficiários de programas sociais — não representa mais a maioria dos eleitores.
Derrota política e alerta para o futuro
Como reflexo dessa perda de força, The Economist menciona a rejeição de um decreto presidencial pelo Congresso, ocorrida no fim de junho, como uma derrota política sem precedentes para Lula em mais de três décadas de carreira. A medida, segundo o texto, compromete a capacidade do governo de manobrar fiscalmente às vésperas das eleições gerais de 2026.
“A real nowhere man”, intitula o editorial, numa clara referência ao isolamento do presidente brasileiro.
Conclusão do editorial britânico
O artigo finaliza com uma recomendação direta a Lula: que abandone a ilusão de liderança global e concentre seus esforços nos desafios internos enfrentados pelo Brasil, que atravessa uma fase de instabilidade e incerteza sob sua gestão.