
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou neste sábado (8) a advogada Verônica Abdalla Sterman para o cargo de ministra do Superior Tribunal Militar (STM). A nomeação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), justamente no Dia Internacional da Mulher.
A advogada ainda precisa ser sabatina pelo Senado e ter seu nome aprovado para assumir a vaga destinada à advocacia, que ficará disponível em abril, com a aposentadoria do ministro José Coêlho Ferreira, atual vice-presidente da Corte.
Pressão por uma mulher no STM
A escolha de Verônica Sterman ocorre após pressões dentro do governo, especialmente da primeira-dama, Janja, e da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.
A ministra Maria Elizabeth Rocha, que assumirá a presidência do STM no próximo dia 12 de março, também vinha fazendo apelos públicos para que Lula escolhesse uma mulher para a vaga. Em entrevista à CNN Brasil, no dia 1º de março, ela afirmou:
“Estou aqui clamando ao presidente para que eu tenha uma companheira que possa, junto comigo, defender as questões de gênero. Muitas vezes, por eu ser a única na Corte, minha voz é pouco ouvida. Mas não me rendo à homogeneidade.”
Ligação com Gleisi Hoffmann e histórico na Lava Jato
O nome de Verônica Sterman tem ligações diretas com o PT. A advogada já atuou na defesa de Gleisi Hoffmann e de seu ex-marido, Paulo Bernardo, em processos relacionados à Operação Lava Jato.
Essa proximidade gerou questionamentos sobre a isenção da nomeação, especialmente porque, em agosto do ano passado, Verônica foi preterida por Lula para uma vaga no Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3). Na ocasião, o presidente escolheu Marcos Moreira, apadrinhado do ministro do Trabalho, Luiz Marinho.
Indicação reforça críticas sobre nomeações de Lula
A escolha de Verônica Sterman também ocorre em meio a críticas de que Lula tem priorizado homens em suas nomeações para tribunais superiores, apesar de ter prometido dar mais espaço para mulheres durante a campanha.
No Supremo Tribunal Federal (STF), por exemplo, Lula indicou Cristiano Zanin e Flávio Dino, ignorando pedidos de setores da esquerda para nomear uma mulher. Além disso, desde o início do mandato, o presidente já demitiu quatro mulheres do primeiro escalão do governo.
Se aprovada pelo Senado, Verônica será a segunda mulher na história do STM. A primeira foi Maria Elizabeth Rocha, indicada pelo próprio Lula em 2007.
A indicação de Verônica Sterman reforça a influência de Janja e Gleisi nas decisões do presidente e reacende o debate sobre o critério das nomeações no governo.